Trabalho: provedor de sofrimento ou de prazer? (parte 2)

Sobre o Sofrimento no Trabalho
Por Paula Ribas 

Por curiosidade, busquei as palavras “trabalho” e “profissão” no Google Imagens para ver o que traria como resultado de símbolos e signos.

A foto de cima é resultado da palavra “trabalho”, a imagem debaixo o resultado é da palavra “profissão”.  Achei curioso que a imagem da carteira de trabalho e de pessoas estressadas aparecem mais de uma vez na mesma tela, enquanto as imagens da palavra “profissão” nos mostra mais diversidade, direito a dúvida, escolher o que que fazer.


Você sabe quais são os tipos de trabalho e suas características?


As ideias de Rick Jarow, Sigmund Freud e Jacques Christophe Dejours sobre o sofrimento

Algumas expressões associadas ao trabalho chamam a atenção pela conotação de punição e de sacrifício que contém, como: “Deus ajuda a quem cedo madruga”, “trabalho não mata ninguém”, “quem trabalha de graça é o relógio” e, na Bíblia a passagem em Genesis, “Com o suor do teu rosto tu comerás o pão…”.

Para o autor e professor de história da Religião, Rick Jarow, cita em seu livro ” A arte do Trabalho, a obra de arte”, no capítulo “O trabalho como maldição”, fala que nessa passagem de Genesis (3:19): “Deus amaldiçoa o homem, obrindando-o a trabalhar muito e pouca diversão, e isso é visto como resultado necessário do pecado”. Isto é, experimentar sofrimento na maior parte da vida, pela sina do pecado. O trabalho como sentença de nossa prisão diária por pura sobrevivência.

Para o psicanalista Sigmund Freud, a atividade do homem caminha em duas direções: busca de ausência de sofrimento e desprazer, e de experiência intensa de prazer. Sobre o trabalho, Freud (1974) explica: “A atividade profissional constitui fonte de satisfação, se for livremente escolhida (…) No entanto, como caminho para a felicidade, o trabalho não é altamente prezado pelos homens. Não se esforçam em relação a ele como o fazem em relação a outras possibilidades de satisfação. A grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da necessidade, e esta aversão humana ao trabalho suscita problemas sociais extremamente difíceis“.  Assim, a busca do prazer no trabalho e a fuga do desprazer é um desafio constante.  O trabalho é transformado em desprazer, no lugar de fonte sublimatória de prazer.

Já o pesquisador Dejours, responsável por estudos que revolucionou e trouxe a luz  a psicopatologia do trabalho, define o trabalho como: “Aquilo que implica a expressão do corpo, gestos, saber-fazer, engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de interpretar e de reagir `as situações; o poder de sentir, pensar e inventar“.

Em seu artigo “Subjetividade, trabalho e ação”, o pesquisador nos apresenta o “sofrimento como ponto de partida“. Para o autor o “sofrimento não é apenas uma consequência última da relação com o real; ele é ao mesmo tempo proteção da subjetividade com relação ao mundo, na busca de meios para agir sobre o mundo, visando transformar este sofrimento e encontrar a via que permita superar a resistência do real. Assim, o sofrimento é, ao mesmo tempo, impressão subjetiva do mundo e origem do movimento de conquista do mundo“.

Para Dejours, o sofrimento é tido como o sujeito em pleno poder de transformação e superação.

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